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Bohêmios Samba Club 2015 – “QUE GRANDE DESTINO RESERVARAM PARA VOCÊ?”

Introdução

 

“Vem cá, Brasil

Deixa eu ler a sua mão, menino

Que grande destino

Reservaram para você?”

 

Destino que se confunde com o dom: de versar, compor, encantar e, então, brilhar. Assim como os versos da literatura de cordel que o pai do jovem José Inácio dedilhava em notas musicais na sua viola, que foi bonita, que o braço só era fita, emoldurada pela singeleza da Morada das Graças, bailam os versos do samba, que é o enredo do seu destino.

Na Rainha do Brejo desse imenso e maravilhoso Brasil, o destino dos versos se entrelaça em um elo dourado, como a coroa de louro dos vitoriosos. É chegado o tempo de coroar aquele que venceu por sua luta e sensibilidade de inspiração. Vivendo em tantos cenários que tocam o seu coração, o dom eleva aquele menino por todo paraíso deste Brasil mestiço. Faz desse sublime torrão, um imenso palco trovador para o romanceiro poeta nordestino, de sangue quente e futuro consagrado sambista – musicista por força do destino – compor a sua própria história, como um verdadeiro lá, laiá…

 

Sinopse

 

“Vejo o mundo em fantasia

Passo horas de alegria

Solto esperança no ar

Meus amigos encantados

Um sorriso apaixonado

Minha vida em cada olhar”

Sopram das valentes terras paraibanas, os ventos musicais repletos de acordes, embalados pelo som daquela viola, cheia de fitas, harmonizados pelos acordes da vida. Sons de coragem, versos de literatura cordelista, que vão conduzir o menino cheio de inspiração, dom e talento para as terras do samba e do pandeiro, onde batucará o seu legado para toda corte do samba.

Trilhando as veredas da vida, aquele menino catimbeiro, que conheceu as letras apenas folheando revistas, ao aportar no Rio de Janeiro, nunca mais parou de ler e produzir poesias. Virou Zé Katimba!

Lá, a zona da Leopoldina se caracterizava por ser um celeiro de bambas, poetas e menestréis. A laureada roda de samba que se formava era imortal: Maestro Villa-Lobos, Pixinguinha, Mano Décio da Viola, Heitor dos Prazeres e vejam quem: o jovem Zé Katimba! Naquele chão de poesia,tinham encontro marcado para fazer uma nação e fizeram mesmo: A Nação Leopoldinense! De uma dissidência de seu mais famoso bloco, Recreio de Ramos, Katimba, Amaury Jório, Oswaldo Gomes e outros imortais que traziam o amor perceberam a necessidade de fortalecer o samba e valorizar o dourado grupo musical de bambas da região e, então, surge a Imperatriz do Carnaval.

 

“Lá vem a Imperatriz

E eu vou com ela…”

 

A nova agremiação é bem recebida no mundo carnavalesco e Katimba assume grande destaque nas funções: inicia como puxador de corda, assume funções de dirigente, mestre-sala, presidente da Ala de compositores e se torna um dos maiores compositores de sambas de enredo leopoldinenses. Falando de amor, cultivando a flor, entendendo o que é ser feliz, elevando a escola ao patamar de que é preciso amá-la para saber e sentir o que ela é.

 

“Vamos

Nos unir que eu sei que há jeito

E mostrar que nós temos direito

Pelo menos a compreensão”.

 

A luta contra a tortura e opressão, nos anos de chumbo, erguida pelos bravos heróis de resistência, era constante. A ala dos estudantes da Imperatriz criava oposição frente aos militares. De ideologia de esquerda e não negando seu catimbeiro nome, Katimba bancava as reuniões escondidas da ala, viabilizando que esta produzisse cultura e contracultura aos pobres, contra a lei do circo e do pão e toda aquela repressão do sistema. Desta forma, as noitadas de samba na Imperatriz serviam de ponto de encontro na turma de esquerda da cidade; brava gente em prol da liberdade e dignidade, imbuídas pelo espírito aguerrido e vitorioso de fazer esse gigante pra frente a evoluir.

 

No palco do amor

O teu papel é o esplendor”

Samba na veia, destinos ligados, assim como o Diplomata do Samba encantava a todos com suas poesias, criando um império de inspiração e paixão, o verde-branco-ouro da Imperatriz começou a reluzir na história do carnaval. Sob o comando do criador, agora Diretor de Carnaval, Zé Katimba, a Rainha da Leopoldina foi a primeira escola a desfilar com mulheres na comissão de frente, mulatas maravilhosas. Foi pioneira a criar um departamento cultural e fazer ensaios de rua. Imperador e Imperatriz em uma só missão de escrever e ser história no carnaval. https://jetx-gameplay.com

 

“Em teu cabelo não nega

Um grande amor se apega

Musa divinal”.

A Imperatriz assumia seu destino de soberana. As inovações dos sambas viraram marca única de Katimba. O seu samba para o carnaval “Barra de ouro, barra de rio, barra de saia”, de letra enxuta, contrariava o gosto dos mais tradicionais, menos dos jurados (recebeu nota dez de todos) e do povão! Ganhou mesmo a notoriedade ao compor “Martim Cererê” – sucesso tão grande, que se consagrou nacionalmente como terma de abertura da novela “Bandeira 2”. Zé virou personagem interpretado por Grande Otelo.

A vida do Imperador do Samba e da Imperatriz entrelaçava-se, assim como na novela, em uma trama de sucesso, poesia e deslumbramento: brincou de ser criança, fez o teu cabelo não nega, Lálá, a Estrela Dalva brilhar e cair no quá-quá-quá! Trouxe Capoeira, abará e mostrou, de fato, ser da lira, não podemos negar…

 

“Foi um momento lindo

Quando dei por conta

Tinha me entregado”

Recriar a criação é dom dos grandes. Conduzir o canto daqueles que brilham para levar de todas as formas a alma iluminada aos que buscam nas músicas, poesias e composições de Katimba, a chama para viver, inclusive com participação em festivais de música, que foram tão populares.

Participou de várias parcerias com outros sambistas, que resultaram em sambas apaixonados, sedutores, “tá delícia, tá gostoso”, “me beija, me beija”, presentes na vida dos apaixonados. Composições que enaltecem a mulher e o amor à mulher como privilégio humano e divino. Verdadeiro poeta que tanto entende da alma feminina. Marcantes, recordam momentos, embalam a alma “minha e tua” e são tocados até hoje. “Me amo mô” conquistou o sucesso internacional.

 

“Com amor melhor que paz

Vida fica com mais vida

E a tristeza se retrai”

 

Quem é sambista de fato, não perde sua essência para dar mais vida à vida. Zé é prova viva. Um verdadeiro candongueiro do samba em Niterói, cidade que o acolheu. Promove, através de rodas de samba, o resgate do ritmo, com a galhardia e emoção, tradição e sensualidade, presentes em sua obra.

Hoje, transforma-se nesse enredo delirante, tão emocionante e lindamente popular como aqueles inspiradores. Vamos cantar! O Imperador do samba, que compôs a trilha sonora e firmou as raízes da sua Imperatriz do carnaval, recebe a aclamação e coroação da verde-e-branco virtual.

A madrinha Imperatriz, no carnaval real, e a afilhada Bohêmios, que se confundem com sua própria existência: o amor ao carnaval! E assim, eternizam sua história como mais uma estrela no infinito reluzir de seu pavilhão.

Zé… És presente imortal. E hoje, nossa escola se encanta, o povo se agiganta, porque és e sempre será o dono do carnaval.

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